domingo, 27 de maio de 2012

Setor Logístico, Sudeste ainda atraente?

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Mesmo com um dos cenários mais negativos para a logística   – maior índice de trafego, intensa restrição à circulação de veículos de carga, mão de obra escassa e cara, alta taxa de roubos de carga e grande concentração de empresas concorrentes – a região sudeste ainda é o Oásis para muitas empresas do setor.

Para se ter ideia desse potencial, dos operadores logísticos que participaram da pesquisa Perfil Operadores Logísticos 2012, 91% atendem algum estado do Sudeste, sendo que 26% desse total foca exclusivamente a região. E a justificativa é simples: esses quatros estados concentram o maior número de empresas, indústrias, portos, estradas e aeroportos do País, movimentam milhões de toneladas diariamente e, melhor, ainda não cessaram o potencial de crescimento.

No ritmo
Se há algum limite para o crescimento do Sudeste, esse fim ainda está longe de acontecer. A região segue em desenvolvimento assim como o restante do País. E, embora não navegue no mesmo ritmo do Nordeste, ainda mantém a liderança e não vê sinais de concorrência, o que acende o interesse dos operadores logísticos em manter ou aplicar investimentos nesses estados.
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E razões não faltam: a região concentra o maior número de empresas de alto crescimen-to do País, 20% do total, segundo o estudo Estatísticas do Empreendedorismo 2008/2011, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Possui um dos maiores e mais interessantes mercados consumidores, já que de cada 100 brasileiros, 42 vivem no Sudeste, sendo que essa população ainda é responsável por 52% do poder de consumo do País (IPC Maps 2011).

Para Marcelo Flório, CEO da Log Fashion, operador logís-tico que atua exclusivamente nos quatro estados do Sudeste, a concorrência é grande na Região, mas ainda há muita possibilidade de crescimento.
“Principalmente para empresas com espe-cialização em segmentos específicos, como têxtil e varejo esportivo, por exemplo”.Opinião compartilhada por Josias Evangelista, da Confiance.log, que atua no estado paulista. “Oportunidade para crescer sempre existe, pois o mercado é muito grande e ainda há espaço para mais empresas”, acrescenta. Mas para isso, Josias acredita que é necessário investir em atendimento eficiente e acuracidade nos processos, itens que ainda incomodam os clientes e são imperdoá-veis na Região. “Porque quem contrata um operador logístico quer ter certeza que a empresa será além de um fornecedor de serviço, um parceiro interessando no resultado como um todo.”
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Mas esse potencial de crescimento esbarra na falta de segurança ou no excesso de violência urbana. Para se ter ideia desse cenário, das ocorrências de roubo de carga registradas no Brasil em 2010, 80% aconteceram na região Sudeste (dados NTC&Logística), o que afeta o bolso das empresas com prejuízos de cerca de R$ 700 milhões.
Segundo Marcelo, nem os rastreadores conseguem inibir por completo essas ocorrências, já que áreas sem sinal ainda podem ser encontradas, principalmente em horários de pico.

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Também rodeado de pontos positivos e negativos, o estado de São Paulo concentra o maior número de empresas do segmento logístico. De acordo com o Perfil Operadores Logísticos 2012, apenas 16% das empresas respondentes não atuam em São Paulo. E, entre as empresas que operam exclusivamente na região Sudeste, 69% só atuam no estado paulista. Essa concentração se confunde com outros números, como a maior po-pulação do País, mais de 41 milhões de pessoas; a maior frota de veículos, mais de 24 milhões, contra 45 milhões em todo o Brasil (Denatran).

Esse excesso obriga o estado a criar restrições tanto com o intuito de elevar a qualidade de vida da população, como para aumentar a capacidade produtiva.

No entanto, essas restrições, nem sempre bem planejadas, não beneficiam a logística em alguns casos, pelo contrário, cria-se mais um problema. “Precisamos de cinco veículos urbanos de carga (VUCs) para realizar a entrega que poderia ser concluída por apenas um caminhão”, explica Marcelo. A observação se dirige às restrições quanto ao uso de caminhões nos grandes centros urbanos paulistas, principalmente na cidade de São Paulo.

Para Josias, as legislações municipais, às vezes, não têm critério e isso interfere no planejamento das operações.

Por outro lado, um estado com forte concentração de empresas e pouca possibilidade de crescimento geográfico exige que o varejo busque nos operado-res logísticos soluções para ganhar poder de escala, aponta Josias. “A atuação como operador logístico em estados como São Paulo, permite experiência suficiente para nos deixar em vantagens frente a concorrência”, conclui.

Fonte: http://www.imam.com.br/revistaintralogistica/edicao-256/sudeste-ainda-atraente

sábado, 5 de maio de 2012

Setor Logístico prefere contratação direta

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Para reduzir a rotatividade de profissionais e fidelizar uma mão de obra qualificada na prática, o setor de serviços logísticos prefere contratar profissionais próprios para áreas estratégicas, como a operacional, a aderir a terceiros, é o que garantem os dados do Perfil de Operadores Logísticos 2012.

Segundo a pesquisa, 82% das empresas possuem mais profissionais diretos do que terceiros. No entanto, 18% preferem compor a maior parte do quadro de co-laboradores com contratações indiretas.

O que demonstra que o modelo não está totalmente descartado, mas em processo de adequação às estratégias do mercado.

setor-prefere-contratacao-direta-2Maior profissionalização
Mesmo não descartado das operações logísticas, o processo de profissionalização da contratação terceirizada é visível. Deixou de ser “tapa-buraco” para ser planejado e posicionado em áreas específicas. Fato que pode ser observado ao comparar os operadores logísticos com o cenário nacional. Enquanto 24% da população empregada no Brasil atua como terceirizada (dado da Sindeprestem e Asserttem), no setor de serviços logísticos eles são apenas 13%.

Para Edmundo Schroeder, diretor da Coopercargo, prestadora de serviços logísticos, terceirizar significa atribuir a outras empresas a execução de atividades não logísticas. Segundo ele, a terceirização libera a empresa a se dedicar ao ”core business” (atividade principal), mas nem por isso significa redução de custos da atividade terceirizada. “Os principais ganhos com a contratação indireta são a agilidade, a produtividade e o foco no principal mercado da empresa”, explica o diretor da Coopercargo, que possui 304 profissionais diretos e seis terceirizados.

A ARM Armazéns Gerais, com 125 terceirizados em seu quadro, é outro exemplo da visão profissional do setor sobre a contratação indireta. “Posso citar nossas áreas contábil e jurídica totalmente terceirizadas”, exemplifica Samir Carvalho, sócio e diretor comercial da ARM Armazéns Gerais. “Somos especialistas  em logística, não em leis ou regras contábeis. Poderíamos optar por funcionários próprios, mas tenho certeza de que gastaríamos bastante energia e tempo para gerenciar essas funções que, apesar de muito importantes, não adicionam valor ao nosso negócio.”

As variações sazonais e econômicas que impactam diretamente nas opera-ções logísticas, elevando a demanda, são também grandes motivadores da contratação de equipes terceirizadas.

Processo que tem seguido a tendência de profissionalização do setor, como a Excelog, operador logístico que não mantém uma equipe permanente de terceiros, mas a inclui em seu planeja-mento anual. “Uma equipe terceirizada no cenário dinâmico de que vivemos é fundamental para atender as metas de fim de mês e fim de ano, de acordo com a sazonalidade de cada cliente, pois a função do operador logístico é principalmente garantir o atendimento, independentemente da variação de demanda”, explica Tiago Almeida, gerente de logístico da Excelog.
Maior fidelização
Mesmo sendo a maioria nas empresas de prestação de serviços logísticos, 87% do total, os profissionais diretos ainda preocupam em razão do índice de rotatividade acima da média nacio-nal. De acordo com dados do Caged/MTE (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego, 2010), a taxa de rotatividade do setor de serviços, que concentra a maior parte da operação logística, é de 3,6%, enquanto a média nacional está em 3,2%.

Mas as empresas já estão conscientes da dificuldade de fidelizar profissionais. Afinal esse índice já foi maior no passado, quando o setor era considerado como trabalho temporário, o famoso “bico”. Hoje o cenário é outro.

A dificuldade de manter um profissional de logística são as próprias oportunidades e os bons salários que o mercado aquecido e a profissionalização da categoria trouxeram ao setor.
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No entanto, muitas companhias enxergam sua própria estrutura como ferramenta de fidelização. “Para nós, só existe vantagem em fidelizar os pro-fissionais no  setor logístico”, aponta Paulo Adelino, diretor da Hipercon.

“Estruturas logísticas, como a nossa, com diversos  departamentos, como operador portuário, transporte rodoviário e ferroviário, desembaraço adu-aneiro, armazém geral, consolidação e desconsolidação de contêineres, entre outros, permitem ao profissional a oportunidade de percorrer todos os setores, conhecer as bases legais, operacionais e comerciais, se tornando-se realmente um profissional logístico, e isso se transforma em um meio de fidelização de ambos os lados, onde todos ganham, inclusive os clientes.”

setor-prefere-contratacao-direta-4É exatamente pensando nos clientes que a fidelização da equipe ganha uma posição estratégica quanto à qualidade operacional e é o diferencial ante as concorrentes, afinal recursos físicos e tecnológicos, como equipamentos, sof-tware, galpões, metodologia, processos e veículos todos podem ter. “Mas a mão de obra especializada não se acha com tanta facilidade”, acrescenta Tiago, da Excelog. “Para fidelizar é preciso criar uma afetividade com as pessoas para entender a ambição delas.  Por exemplo, atendendo o perfil da equipe adotamos a possibilidade de participação no resultado de acordo com o ganho gerado pelo funcionário, como comissão so-bre vendas ou bonificação por redução de custos operacionais.”

Mas não só de fidelização de equi-pe sofre o setor de recursos humanos das empresas. A contratação de pro-fissionais que satisfaçam o nível de qualidade das operações ainda não é atendida pela oferta oriunda das universidades. Sem contar que muitos desses profissionais ainda não estão preparados para a realidade diversificada que a profissão expõe diaria-mente. Por isso, sem dúvida, nos próximos anos, o setor de recursos humanos das empresas de logística ganhará maior espaço na operação, no intuito de não só atrair e fidelizar talentos, mas contratar de forma estra-tégica mão de obra terceirizada e treinar a qualidade da equipe como um diferencial do mercado.