sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Embalagem, reprojetar para obter ganhos

(*) José Mauricio Banzato                                                                                                                               
Embalagem é um assunto importante e merece ser administrado com alto grau de profissionalismo. Ela deve ser avaliada e questionada continuamente, pois é uma área geradora de oportunidades para redução de custos, especialmente quando o produto é de alto consumo.
Vamos abordar a embalagem de transporte para distribuição. Antecipamos a necessidade de coletar todos os dados técnicos possíveis em relação à sua atual embalagem, como a quantidade a ser consumida por mês e por ano, para se ter uma visão de quanto se poderá economizar.
Vamos tomar como exemplo a distribuição do leite, cujo produto para o consumo é envasado em uma embalagem do tipo longa vida e que, à primeira vista, podemos apontar como adequada e com boa resistência mecânica, apresentando um excelente desempenho em todas as etapas do processo de distribuição até o consumidor final.
A embalagem para a distribuição com 16 caixas de um litro do nosso exemplo teve três fases: início dos anos 1990; meados dos anos 1995 e no início dos anos 2000. 
No início dos anos 1990, a embalagem ou a caixa que acondicionava as 16 caixinhas de leite de um litro apresentava um projeto construtivo lhe conferia uma excelente qualidade. Nessa época, o pessoal da empresa não enxergava o potencial de redução de custo caso fosse necessário reprojetar essa embalagem.
As caixas, do tipo corte e vinco, eram entregues abertas pelo fornecedor e um operador as montava de forma manual. Desta forma, apresentavam uma excelente rigidez e resistência à compressão e torção para acondicionar os 16 litros de leite. Veja alguns detalhes dessas embalagens no início dos anos 1990: dimensões do cartão 94 x 70,5cm; área bruta 6627 cm2; área de cortes e recortes 614 cm2; área líquida 6013 cm2; material/litro 376 cm2.
Em meados de1995, a embalagem sofre uma modificação e passa a conter os mesmos 16 litros de leite. Entretanto, é bem diferente da anterior: dimensões do cartão 61x74 cm; área bruta 4514cm2; áreas de cortes e recortes 343 cm2; área líquida 4171 cm2; material/litro 260cm2.
Observe que nesse reprojeto a redução só de material (cartão) por litro embalado foi de 376 para 260cm2 , uma economia de quase 70%!
Em 2000, a embalagem em questão foi redesenhada mais uma vez, apresentando características mais simples e diferente das anteriores. Ou seja: é apenas e tão somente uma capa protetora de cartão microondulado tipo corte e vinco com um filme de plástico encolhível sobre 12 caixinhas de um litro de leite, reduzindo o peso final em algumas gramas.
A nova embalagem exigiu um investimento em máquinas para formar o invólucro, mas a redução de custos obtida pela empresa foi de alguns milhões de Reais por ano. A nova embalagem de início dos anos 2000 registrou as seguintes características: dimensões do cartão 53,5 x 51cm; área bruta 2728 cm2; área líquida 2728 cm2; material/litro 227 cm2.
Repensar as embalagens na empresa pode ser extremamente positivo quando se está consciente dos benefícios que isso pode gerar em termos de redução de custos. Avalie, convença a si próprio de uma mudança, venda sua idéia com consistência e determinação.
(*) é fundador e diretor do Grupo IMAM, composto pelo Instituto IMAM, IMAM Consultoria e IMAM Feiras e Comércio. É autor de diversos livros e instrutor de cursos relacionados à área de logística.


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